Todo mundo diz ter “o segredo” da liderança, assim como todo mundo diz conhecer a receita da felicidade. Há mais de 27 000 livros sobre liderança na Amazon, milhares de seminários sobre as qualidades do líder e incontáveis artigos em revistas de negócios e sites destilando lições de liderança de CEOs e outros nomões do mundo corporativo.
Mas liderança não é simplesmente estar no topo da escada corporativa, comandando o espetáculo. Liderança é uma maneira de se relacionar com sua rede social, sua comunidade, seus colegas e funcionários, a fim de compartilhar uma visão e unir as pessoas em nome de um objetivo comum. A boa liderança traz à tona as melhores qualidades individuais de todos os envolvidos.
O que significa ser um bom líder, então? Há muitas maneiras de liderar, mas os melhores líderes têm certos hábitos que todos nós podemos cultivar.
Eis aqui sete hábitos de quem nasce líder.
#1. Eles ousam fracassar.
“A diferença entre ganhadores e perdedores é como eles lidam com as derrotas”, escreveu a professora Rosabeth Moss Kanter, da escola de administração de Harvard, na Harvard Business Review, no ano passado.
Resiliência – a capacidade de lidar com a derrota, o fracasso – é uma qualidade que deve ser cultivada para que se tenha sucesso. Para os líderes, ela é essencial. Liderar significa correr o risco do fracasso. A resiliência ajuda os líderes a se recuperar dos inevitáveis retrocessos e derrotas.
O fracasso pode ter dois efeitos poderosos. Ele pode ser o maior professor e motivador do sucesso futuro, ou então pode te impedir de correr riscos de novo (e, portanto, de alcançar as conquistas que você almeja). Os grandes líderes sabem disso e aprenderam a usar o fracasso, como diz Arianna Huffington, como “um degrau para o sucesso”.
Huffington, editora-chefe do The Huffington Post, diz que os grandes líderes “ousam fracassar” – basta ler a biografia de qualquer líder que você admire para encontrar uma história de fracasso.
“Me candidatei a governadora da Califórnia em 2003, e perdi – mas aprendi muito sobre o poder da internet”, disse Huffington numa conversa com a revista Inc. “Também aprendi muito sobre mim mesma, sobre comunicação, sobre o coração e a mente das pessoas, sobre a importância de ouvir. Tudo isso se enraizou em mim durante a campanha e definitivamente teve impacto na criação do The Huffington Post.”
#2. Eles seguem seus propósitos.
“O valor central da Apple é que acreditamos que pessoas apaixonadas podem mudar o mundo”, disse Steve Jobs numa reunião interna sobre a campanha publicitária “Think Different” (pense diferente) (https://www.youtube.com/watch?v=9GMQhOm-Dqo). “E que essas pessoas loucas o suficientes para achar que podem mudar o mundo são justamente as que vão mudá-lo.”
Assistindo a Jobs falando com seus funcionários, é impossível não sentir a intensidade de sua paixão e de seu propósito. A campanha, que celebra as pessoas que expressaram a mesma paixão ao longo da história, “toca na alma da empresa”, disse Jobs.
“Não acredito que outra empresa na Terra pudesse ter feito este anúncio”, acrescentou ele.
O propósito é o motor que leva os grandes líderes, como Jobs, a criar produtos significativos e a alcançar objetivos que transcendem o resultado financeiro da companhia – a pensar que a empresa não é feita apenas de números, mas de “alma”. Eles inspiram os funcionários a atingir seus potenciais máximos a fim de alcançar a visão maior.
“Esses líderes não gerenciam, eles fascinam. Eles não executam iniciativas, eles lideram cruzadas. Suas marcas não são etiquetas, mas bandeiras que deveriam evocar o tipo de patriotismo que temos em relação aos nossos países”, escreve Joey Reiman, CEO da BrightHouse, em Story of Purpose: The Path to Creating a Brighter Brand, a Greater Company, and a Lasting Legacy (em tradução livre: A história do propósito: o caminho para criar uma marca mais brilhante, uma companhia maior e um legado duradouro). “Esses líderes querem mudar o funcionamento do planeta – ou, como disse Steve Jobs: “Deixar uma marca no universo.”
#3. Eles doam.
Existem três tipos de pessoas, segundo o psicólogo organizacional Adam Grant: os doadores (aqueles que priorizam ajudar os outros), os tomadores (aqueles que ajudam a si mesmos) e os igualitários (que procuram ajudar aos outros e a si mesmos em igual medida). Após investigar anos de estudos psicológicos, além de conduzir suas próprias pesquisas, Grant concluiu que os doadores são os mais bem-sucedidos.
“Os doadores trazem à tona o melhor dos outros”, disse ele ao site Business Insider, em abril. “Boa parte disso envolve enxergar nos outros mais potencial do que eles enxergam em si mesmos. Doadores sempre olham para os outros como joias a serem lapidadas, investindo nas pessoas e permitindo que elas alcancem seu potencial.”
Doadores também se tornam exemplos e mudam o comportamento de grupos, explica Grant. Eles aumentam as chances de que as pessoas se ajudem e compartilhem conhecimentos – o que, no fim das contas, gera um ambiente de mais criatividade e inovação.
#4. Eles descansam.
O que Marissa Mayer, Richard Branson, Sheryl Sandberg e Michelle Obama têm em comum? Esses líderes extremamente bem-sucedidos tiram férias regularmente. A CTO da Cisco, Padmasree Warrior – que supervisionava mais de 22 000 funcionários em sua função anterior na empresa –, tira um tempo para meditação todos os dias e faz uma desintoxicação digital todos os sábados, para chegar no escritório na segunda-feira se sentindo renovada.
Grandes líderes têm objetivos ambiciosos e trabalham duro para atingi-los. Mas eles também sabem que ser workaholic não ajuda, portanto tiram tempo para descansar, recarregar as baterias e recalibrar a criatividade. É difícil ser um líder eficiente quando você está exausto, com o sono atrasado e viciado no smartphone. Separar um tempo para você mesmo – seja para fazer ioga, para ficar longe dos aparelhos eletrônicos aos sábados, para tirar férias duas vezes por ano – ajuda a manter afiados os cérebro dos líderes.
Para alguns, como o CEO do grupo Virgin, Richard Branson, as férias podem ser uma fonte inesperada de inspirações de negócios.
“Quando você sai de férias, sua rotina se interrompe; os lugares que você visita e as pessoas que conhece podem significar uma inspiração inesperada”, disse Branson à revista Entrepreneur. “Como empreendedor ou executivo, se você não voltar das férias com vontade de chacoalhar as coisas, talvez seja o caso de fazer mudanças.”
#5. Eles realmente escutam.
Bill Clinton tem um segredo de sucesso surpreendentemente simples: o ex-presidente dá sua atenção total e completa para as pessoas que conhece. Incontáveis histórias sobre Clinton sugerem que seu carisma lendário vem do fato de ele se concentrar inteiramente em cada pessoa que conhece. Isso fez dele um dos maiores comunicadores políticos da história recente.
No começo de sua carreira, Clinton era conhecido por se conectar com as pessoas que liderava. Ele as olhava nos olhos e prestava atenção no que elas diziam. Ele era a personificação de um traço dos grandes líderes: eles genuinamente se preocupam com os outros, por mais ocupados que estejam.
“Sempre me interessei pela história da vida das pessoas”, escreveu ele em sua autobiografia Minha Vida. “Queria conhecê-las, entendê-las, senti-las.”
O grande poder de atenção de Clinton só realça nosso “déficit de atenção”, que afeta negativamente nossa comunicação e nossas interações com os outros. Prestar atenção nos outros não parece difícil, mas considere as ocasiões em que realmente fazemos isso. A tecnologia contribui para um declínio dos contatos “olhos no olhos”. Somos todos multitarefas: checamos o email ou mandamos mensagens de texto enquanto conversamos. Mesmo quando não estamos fazendo mais de uma coisa ao mesmo tempo, as pesquisas sugerem que damos apenas cerca de um terço da nossa atenção ao outro – e um líder sabe que merecemos mais que isso.
#6. Eles buscam novas experiências e novas maneiras de pensar.
Num mundo competitivo e em constante mutação, a criatividade é uma qualidade cada vez mais importante para que os líderes mantenham suas empresas na dianteira. Um líder criativo mantém a cabeça aberta.
Estar aberto a experiências – um dos cinco principais domínios da personalidade na psicologia, um traço caracterizado pela curiosidade intelectual e por um desejo intenso de explorações cognitivas – é o traço de personalidade mais associado a conquistas criativas. Pesquisas em psicologia organizacional indicam que este é um dos traços mais associados a liderança, atrás apenas de extroversão e neuroticidade.
Líderes precisam ter um estado mental flexível e fluido para se adaptar a mudanças e novos desafios. Para isso, é necessário estar aberto a novas perspectivas e novas maneiras de fazer as coisas. Esse é um dos motivos pelos quais os empreendedores do Vale do Silício amam tanto o Burning Man – o festival de arte e contracultura no deserto de Nevada é um terreno fértil para ideias e experiências incomuns.
Mas os grandes líderes não precisam ir ao deserto para ter novas ideias e elaborar estratégias inovadoras. Eles simplesmente mantêm a cabeça aberta ou, como disse Steve Jobs, têm o maior “pacote de experiências” possível.
#7. Eles têm empatia.
Nem sempre pensamos em empatia como uma característica do ambiente de trabalho nos Estados Unidos. Mas líderes que são gentis e capazes de ter empatia – que verdadeiramente se preocupam com seus funcionários – são alguns dos executivos mais eficazes. Eles inspiram suas equipes e trazem as pessoas para o seu time. Um líder que demonstre empatia está mais preparado para se conectar com os outros e entender suas perspectivas.
Jayson Boyers, vice-presidente de educação continuada do Champlain College, chega a afirmar que a empatia é a força mais importante para o avanço de uma empresa.
“Pessoas bem-sucedidas não operam sozinhas; cada um de nós precisa do apoio dos outros para ter resultados positivos que nos aproxime dos nossos objetivos”, escreve Boyers na Forbes. “A verdadeira empatia significa entender os raciocínios lógico e emocional envolvidos em cada decisão.”
Se você é um líder e quer desenvolver sua inteligência emocional, o Instituto Search Inside Yourself do Google, tem alguns exercícios para cultivar a empatia e a gentileza no ambiente de trabalho.
Fonte: Huffpostbrasil.com